sábado, 28 de abril de 2018

Depoimento: John Luccock e os subúrbios


John Luccock, comerciante inglês que esteve no Rio em 1808, 1813 e 1818, deixa relatos interessantíssimos sobre os subúrbios do Rio de Janeiro, naqueles tempos chamados de "arrabaldes", de locais que hoje são bairros como a Penha, Irajá e Pavuna. Os subúrbios eram locais de passeios ao ar livre e um convite aos naturalistas e botânicos fazerem suas pesquisas. A natureza da região era belíssima. Rios limpos, árvores e frutos de todos os tipos e muitos animais da floresta ainda preservada. 

Da Pavuna e arredores, o viajante do século XIX fala de montanhas cobertas de arvoredos, lugares com muita caça, numerosas lagoas com muitas aves. Luccock relata que em pontos, às margens do rio Meriti, o solo “era extraordinariamente rico e, nos trechos suficientemente secos, produzia safras volumosas de açúcar, milho e mandioca” 
Gravura de Rugendas que nos dá uma ideia de como era a natureza dos arredores do Rio
Foto: Wikimedia Commons
Sobre a Penha e Irajá: 

“A pequena aldeia de Mariangú fica num local baixo e arenoso, semeado de charcos e, na aparência, insalubre. Cerca de duas milhas distante por detrás dela, acha-se um rochedo perpendicular de granito com mais de três mil pés de alto e em cujo cume se encontra a igreja de Nossa Senhora da Penha, constituindo linda perspectiva de vários pontos da baía e que antigamente era o cenário anual de grandes festividades. Quatro milhas mais além e pela mesma praia chata, na foz de um riacho raso mas amplo de mesmo nome, fica a aldeia do Irasá (sic). As poucas míseras cabanas que a compõem pertencem, creio eu, ao vilarejo de Irajá e se dispõem sobre um outeiro rochoso, gozando de bela vista dos estreitos e da baía. A costa pedregosa e as águas rasas devem alí criar grandes dificuldades até mesmo para canoas; daí, provavelmente, seu nome, que mais ou menos corresponde a uma exclamação de tédio.  Bem ao largo desse ponto fica a ilhota de Saqueté, que forma um belo objeto da paisagem munida, como muitas das outras ilhas, de um cais e de uma “vivenda”, em que param os catraieiros em suas viagens diárias dalí para o mercado e no regresso. A pouca distância fica o largo estuário do Merití, donde a praia vai-se elevando até o lindo rio Serapuí,, cujas margens são bem cultivadas”.

Observação: Praia de Mariangu (atual rua Pirangi, em Olaria), nome indígena de uma ave que habitava todo o chamado recôncavo da Baia de Guanabara, ficava onde se localiza a avenida Lobo Júnior, Penha Circular, até Ramos. A faixa de areia foi tomada pela Avenida Brasil. No atual piscinão de Ramos ficava Apicú. 




Fontes:

LUCCOCK, John. "Notas Sobre o Rio de Janeiro e Partes Meridionais do Brasil", Belo Horizonte: Editora Itatiaia  São Paulo: Editora da USP, 1975

BLOG "Subúrbios do Rio" in: http://suburbiosdorio.blogspot.com.br/2012/03/praia-de-maria-angu.html (acesso em 01/02/2018)



Os engenhos de cana de açúcar na região de Irajá


A cana de açúcar veio da Ásia e foi trazida pelos portugueses ao Brasil no século XVI. A partir da década de 1530, a cana passa a ser cultivada de maneira intensa no Nordeste da colônia portuguesa. Desta planta vinha um produto muito lucrativo: o açúcar. Em diversas partes da América Portuguesa, como o Brasil era conhecido, foram erguidos engenhos para a produção do “ouro branco”. 
Aspecto de um engenho antigo
Foto: Wikimedia Commons
Segundo o geógrafo Maurício de Abreu, pesquisador da evolução urbana da cidade do Rio de Janeiro, 219 engenhos produtores de cana-de-açúcar na região de Irajá/Meriti, região banhada pelos rios Pavuna, Meriti e Sarapuí, que hoje são bairros da cidade do Rio de Janeiro, como Irajá, por exemplo, e outros municípios como São João de Meriti e Caxias, na Baixada Fluminense. Esta contagem é feita entre os anos de 1601 e 1700, ou seja, no século XVII.
Pesquisadores da história do bairro de Irajá acreditam, baseados em documentos e nas experiências de plantio de cana em outras regiões do país na época, que Irajá era uma espécie de “celeiro” do Rio. Essa enorme região produzia não só uma grande quantidade de açúcar, mas desenvolvia outras atividades importantes para dar apoio à produção, tais como olarias, para a fabricação de tijolos e telhas. Havia também a produção de hortifrutigranjeiros, plantações de verduras, frutas e criação de aves, para alimentação. Por fim, havia também a criação de bois e vacas que serviam tanto para produção de leite, abate e força motriz para os engenhos.



Texto: Prof. Fábio de J. de Carvalho – docente de história da unidade escolar e coordenador do projeto Clube de História


Fontes:

ABREU, Mauríco de Almeida. “Um quebra-cabeça ( quase ) resolvido: os engenhos da capitania do Rio de Janeiro – séculos XVI e XVII”  Scripta NOVA REVISTA ELECTRÓNICA DE GEOGRAFÍA Y CIENCIAS SOCIALES , Universidad de Barcelona.  Vol. X, núm. 218 (32), 1 de agosto de 2006 In: http://www.ub.edu/geocrit/sn/sn-218-32.htm (acesso em 28/03/2017)

RODRIGUES, Agostinho. “Meu Irajá”. Rio de Janeiro: Coletivo Instituto Histórico e Geográfico da Baixada de Irajá, 1999, edição digital. In: http://www.falazonanorte.com.br/downloads/meuiraja.pdf


sexta-feira, 27 de abril de 2018

Depoimento: d. Zezé e a fábrica de tijolos da comunidade de Para Pedro


Forno antigo de olaria na França
Foto:Wikimedia Commons
A aluna Vitória Moraes, que participou do Clube de História em 2016, nos enviou um depoimento de sua avó sobre uma olaria, ou seja, uma fábrica de tijolos que existiu na comunidade do Para Pedro. A fábrica se localizava na região das Torres, próxima ao CEASA.
D. Maria José Barreto de Moraes, a d. Zezé, tem 87 anos e chegou na comunidade nos anos de 1950. Ela fez o seguinte relato à neta: 


Era uma grande casa que já foi uma olaria A torre já existia nessa época. Ttinha alguns barraquinhos, pouquíssimos. O Ceasa era uma plantação de vagem e agrião. Pessoas plantavam lá. Depois criaram o Ceasa. Tinha um lago bem grande em uma das ruas principais da comunidade. Com isso a primeira moradora veio morar aqui. Meu marido era um trabalhador e morador da olaria. Havia uma estação de trem que vinha pelos bairros da zona norte que passava em Coelho Neto para Colégio... Aonde se localiza o metrô hoje era uma estação de trem [E F Rio D`Ouro]. A Vulcan já estava lá e o bairro já se chamava Colégio

Local onde provavelmente se localizava a antiga olaria
foto: Vitória Moraes

Série "Conheça Irajá" - CEASA

No dia 28 de agosto de 2014, o CEASA fez 40 anos e através desse texto vamos mostrar um pouco de sua história...
No início da década de 1970, o governo federal criou o programa estratégico de desenvolvimento. Uma das prioridades dele era a criação de centrais de abastecimento do país. No Rio de Janeiro, no bairro do Irajá, foi construída a CEASA. Ela passou a funcionar em 28 de agosto de 1974. Ela abastece não só a capital do estado como Meriti, Nova Iguaçu etc.
CEASA, visto da av, Brasil
Foto:Wikimedia Commons
É a segunda maior central de abastecimento da América Latina. Funciona como uma cidade que trabalha dia e noite. Ela comercializa anualmente quase 2 milhões de alimentos. E o CEASA mantém um banco de alimento que relaciona e embala as mercadorias descartadas, que iriam para o lixo, para  instituições.

CONHEÇA!

Av. Brasil, 19001 - Irajá, Rio de Janeiro

Funcionamento: Seg à Sáb  de 7 às 17 h


Texto e pesquisa: Thamyres de Araújo; Maria Eduarda Alves; Sara dos Reis e Caio Bezerra - alunos da turma 1802 (8º ano) e colaboradores do Clube de História em 2018. 

Fonte: Portal do CEASA http://www.ceasa.rj.gov.br/ceasa_portal/view/Ceasa40anosComp.asp?idCeasa40anos=1 (acesso em 13/04/2017)

Série "Conheça Irajá" - Biblioteca Popular de Irajá João do Rio


Foto: fanpage da BP de Irajá
A biblioteca foi fundada em 16 de julho de 1959, com um acervo inicial de 1446 livros, tendo à frente a bibliotecária Aracy Alves Fernandes Guimarães. Começou funcionando em uma loja na avenida Monsenhor Félix, 420. 
Com decreto 10205 de 1991, passou a ser chamada "Biblioteca Popular de Irajá João do Rio".
Em dezembro de 1992, o prefeito Marcello Alencar inaugurou a nova sede na avenida Monsenhor Féliz 512, tendo como patrono um homem que foi jornalista, cronista, tradutor, teatrólogo e membro da Academia Brasileira de Letras. 
Durante o novo período a Biblioteca Regional de Irajá conseguiu ampliar seu âmbito de ação, chegando a ultrapassar sua área de atendimento, aumentando e atualizando seu acervo.

Conheça!

Av. Monsenhor Félix, 512 - Irajá, Rio de Janeiro - RJ, 21361-132 


Horário de funcionamento: Seg à Sex - 9h às 17h


Texto e pesquisa: Alan Dantas; Amanda Lopes; Anny Souza; Arthur Menezes; João Pablo Alves e Thiago Novaes - alunos da turma 1802 (8º ano) e colaboradores do Clube de História em 2018. 

Fonte: Arquivo da Biblioteca Popular de Irajá

OBS: A EM Mendes Viana agradece à Biblioteca Popular de Irajá pela receptividade para com nossos alunos e com o nosso professor de Sala de Leitura, prof. Vinck Vitório, para a realização dessa pesquisa.

quinta-feira, 26 de abril de 2018

Depoimento: d. Gilcinéa e os primeiros anos morando na Para Pedro

Algumas pessoas estão sendo convidadas a compartilharem com a gente suas memórias. Muitas vezes isso se dá em entrevistas ou pequenos depoimentos. O depoimento de hoje é de d. Gilcinéa Ferreira, antiga moradora da Para Pedro e aluna da Mendes Viana  nos anos de 1960. Nos enviou suas memórias pelo Facebook. Ela se tornou  professora, mas não exerce mais a profissão,e diz ser muito grata, assim como seus irmãos, por tudo que aprendeu na Mendes 

Meus pais vieram de Guapimirim em 1957, recém casados, morar perto dos irmãos mais velhos, pois tenho, ainda hoje, parentes que moram no bairro [Irajá]. Meus pais casados, sem estudos e qualificação profissional, foram morar nas ruas do bairro de Colégio, Jurucê e Jabotiana. Logo meu pai com três filhos ficou desempregado. Eu tinha 5 anos e fui morar no Para Pedro, a nossa alimentação muitas vezes eram os peixes da lagoa,. A comunidade tinha muita gente vinda de Guapimirim provavelmente os primeiros moradores, pessoas do Norte , Minas Gerais, etc...

D. Gilcinéa nos conta a curiosa história da lagoa que existia na comunidade de Para Pedro e sobre os primeiros anos da comunidade:  
Vista parcial da comunidade do Para Pedro, em frente à Mendes
Foto: prof. Fábio Carvalho

Sim, eu e meus irmãos pescamos muitas vezes lá, Tinha peixes como: Acará, Piabas e um peixe estranho tipo uma cobra que chamavam de mussum, usávamos escorredor de macarrão para pescar e tinha muito peixe.

Era mais para dentro do Para Pedro,pois em frente à escola [a Mendes Viana] era uma horta onde todos compravam verduras e legumes. A lagoa ficava perto da bica onde todos pegavam água, pois não tinha água nas residências.
Para Pedro foi o nome dado à comunidade (favela, como se dizia), pois seu Moisés na sua barraca saudava os moradores com "bom dia" do alto falante e falava o nome de cada morador. Ele morava lá no campo em frente da Vulcan e colocava a música "Para, Pedro! Pedro, para!" , ficando assim a música com título da comunidade.
Os primeiros moradores foram: dona Rodinéa, tio Arnaldo, dona Eloá, tio Jair, "seu" Moisés e em seguida nossa família. Não era uma favela, tornou-se com a chegada de pessoas de outros lugares, tanto que  em 1971 o  governo tentou acabar com a comunidade dando apartamentos da COABH [companhia de habitação que construía casas populares] , para os moradores. Saiu muita gente. Quase acabou. Mas com o tempo ela voltou a crescer. Em 1972 eu me mudei,mas não tenho nenhum tipo de trauma de falar de onde vim,que morei sem água e luz em casa. Porém meu pai teve a oportunidade de estudar fazendo desde o antigo MOBRAL [Movimento Brasileiro de Alfabetização, programa que visava alfabetizar jovens e adultos entre os anos 1960 e 1980] até a Faculdade de Enfermagem "Luiza de Marilac" e se tornou um dos melhores instrumentadores cirúgicos que já conheci, instrumentando no Hospital Clementino Fraga ( Fundão) e no hospital Geral de Bonsucesso. Então, nossa vida mudou. Meu avô materno deixou uma herança e assim começamos uma nova vida. E com Jesus o Cristo ao meu lado sou feliz. Bom dia!

No princípio era Eiraîá


Tupinambás
Foto: gravura de Theodor de Bry - Wikimedia Commons
Antes da chegada dos colonizadores portugueses à região era uma aldeia indígena. Essa aldeia de índios tupinambás tinha o nome de Eiraîá e se estendia ao longo do atual rio Irajá. Documentos franceses datados do século XVI, mais precisamente por volta dos anos 1550, citam esta aldeia. Era, com certeza, bastante considerável o número de indígenas deste agrupamento.
A fauna e a flora ao longo do rio Irajá eram exuberantes. Muitas árvores, plantas, flores, frutos e diversos animais silvestres. Terra de beleza, mas também de caça, pesca e coleta abundantes. Isso pode explicar porque este grupo indígena se fixou na região.
Provavelmente isso é um aportuguesamento da palavra tupi eiraîá. O significado pode ser “repleto de mel”, “como as abelhas” ou se refira a um mamífero chamado irara, da família do furão, que habitava a região. O nome desse mamífero podia ser o nome do morubixaba, chefe da aldeia.
Irara ou Papa - Mel
Foto: Wikimedia Commons
Há uma lenda que é muito repetida, inclusive,  na qual os indígenas teriam confundido o melaço, o líquido da cana moída, com o mel. Por isso, alguns acreditam que o significado seja “o mel brota”. Pesquisas recentes não acreditam nessa hipótese. Certo é que esta região do Rio de Janeiro foi a que manteve quase sem mudança o seu original nome indígena.


Texto: Prof. Fábio de J. de Carvalho – docente de história da unidade escolar e coordenador do projeto Clube de História


Fontes:


MULTIRIO - Web Rádio, programa "Caminhos Cariocas - Irajá" in: http://www.multirio.rj.gov.br/index.php/ouca/webradio/2297-iraja (acesso em 01/04/2018)

SILVA, Rafael Freitas da. "O Rio antes do Rio",  Rio de Janeiro: Ed. Babilônia, 3ª ed., 2017


Como surgiu o Clube de História?

Alunos do Clube  2017 organizando fotos antigas da Mendes
Foto: prof. Fábio Carvalho

Nossa escola, pelo menos desde 2013, tem a tradição de promover atividades no contra turno para os alunos. Sempre incentivou os projetos ligados ao “Mais Educação”, abriu suas portas, com a autorização de pais e responsáveis, a alunos que quisessem utilizar a sala de leitura e outras dependências como local de estudo. Incentivava a formação de plateia através de projetos culturais e aulas de campo envolvendo professores de História, Artes, Língua Portuguesa, Ciências e outras disciplinas como forma de enriquecer o currículo.
As primeiras disciplinas a formarem núcleos de discussão foram Matemática e Língua Portuguesa, através do professor Gonzaga e da professora Natália Nascimento, que não se encontra mais na unidade. O professor Luiz Gonzaga incentivou a formação do Clube de Matemática, onde um grupo de alunos se reunia para resolver e debater questões de concursos de escolas técnicas. A professora Natália promovia com as alunas discussões do universo feminino onde poderiam discutir textos e ter lugar de fala. Experiência interessante onde as meninas teriam um espaço livre para se expressar, falar de medos, dúvidas, contar suas histórias e seus sonhos.
Em 2016, ano de comemoração dos 50 anos da Mendes Viana, não encontrei na escola elementos para fomentar nossas comemorações. A documentação era dispersa, quase nula, as narrativas sobre nossa história eram desencontradas, inclusive em locais como o Centro de Referência da Educação Pública, o CREP, onde era muito pequena a quantidade de documentos sobre nossa unidade.
Quando surgiu a ideia de um grupo de pesquisas para cuidar do patrimônio cultural de nossa escola, pensei em colocar nomes como: “Centro de Memória” ou “Núcleo de Documentação e Memória”. Percebi que era sério demais e que afastava os alunos. Adotei o nome de “Clube”, tomado de empréstimo às atividades de Matemática. “Clube” dá a ideia de um lugar para se estar por querer, livre das obrigações comuns à aula. Era lugar de estar animado para aprender coisas novas.
1º grupo de alunos do clube entrevistando ex-alunos de 1980
Foto: prof. Fábio Carvalho


O primeiro Clube de História foi formado por um pequeno grupo alunos da turma 1902 daquele ano: Vitória, Dayane, Antônia, Natanael e Rafaela. Hoje estão no Ensino Médio. Juntos discutimos alguns fundamentos da disciplina de História, buscamos documentos, entrevistamos ex-alunos e promovemos uma exposição sobre os 400 anos do bairro de Irajá e os 50 anos da Mendes Viana. A exposição foi uma experiência multidisciplinar onde participaram os professores de Artes (Mauro Macedo) e Música (Heber Paiva), incentivados por nossa coordenadora pedagógica Elizete Alves. A parceria com o Instituto Histórico e Geográfico da Baixada de Irajá (IHGBI), coletivo de pesquisadores que atuam na preservação da história de Irajá e bairros próximos, foi muito importante pois nos garantiu o empréstimo de fotos e apoio à pesquisa. A experiência foi tão feliz que me animou a buscar o curso de mestrado em ensino de História e utilizar esta experiência como incentivo para voltar a estudar e pesquisar.
Em 2017, o núcleo se manteve com a participação dos alunos da turma 1701 que eram matriculados na oficina de Patrimônio Cultural do Mais Educação. Experiência muito bem sucedida também. Ampliamos nosso grupo de alunos e com isso conseguimos mais parcerias e documentos para compor o acervo da escola.
No corrente ano de 2018, temos alunos das turmas 1901 e 1802 participando do Clube. Este blog é a culminância de um projeto que se iniciou há dois anos. Seria uma espécie de “Museu Virtual” para a escola e a comunidade do entorno. Uma maneira de que toda essa trajetória não se perca no tempo mais uma vez.

Texto: Prof. Fábio de J. de Carvalho – docente de história da unidade escolar e coordenador do projeto Clube de História

segunda-feira, 23 de abril de 2018

Os nossos 50 anos foram notícia em 2016 !!!!

Comemoração do Cinquentenário da E. M. Mendes Viana (5ªCRE)

A Escola Municipal Mendes Viana contou com a mobilização de toda a comunidade escolar para fazer do ano de 2016 um ano de comemorações pelo “Cinquentenário” dessa escola, e foram além, compartilhando esse excelente trabalho concretizado pela direção, por professores e alunos com o nosso Portal Rioeduca e com todos os segmentos da nossa rede municipal de ensino.

Foto: prof. Mauro Macedo
Ao longo deste ano, foram realizadas diversas ações interdisciplinares com a finalidade de celebrar os 50 anos da instituição, resgatando sua memória e história, assim como a memória e história do bairro de Irajá, onde a escola se localiza. O esforço foi de trabalhar a identidade do grupo escolar e comunidade, criando um sentimento de pertencimento a partir do reconhecimento do meio, sua construção e evolução.
Diversas atividades exitosas foram desenvolvidas, como: 
Foto: prof. Mauro Macedo
  • Entrevistas com ex-alunos e moradores da região; 
  • Incursão à igreja Nossa Senhora da Apresentação à procura de documentos e evidências; 
  • Parceria com Instituto Histórico e Geográfico da Baixada de Irajá - IHGBI e com o professor doutor Justino (UNIRIO); 
  • Criação artística do Brasão do Cinquentenário; 
  • Criação da melodia do hino da escola, a partir de letra encontrada por ex-alunos, dentre outras. 
A culminância desse processo ocorreu no sábado, dia 05/11, em uma vernissage, com exposição de documentos históricos (fotos, relatos, diários, etc.) da escola e bairro, antecedida por preleção da direção da escola, dos professores idealizadores e diretamente envolvidos (Fábio Carvalho, Mauro Macedo e Marcus Heber), além do convidado especial, historiador, professor doutor, Justino. Contou-se com a presença da professora Celeste do IHGBI, de professores da escola, alunos, pais e ex-alunos.
A exposição continuou aberta ao público até o dia 11/11.
A seguir, o registro da inauguração da exposição, assim como o convite que a escola divulgou nas redes sociais:
"O ano de 2016 é de celebração na Escola Municipal Mendes Viana. Neste ano, a escola, situada na Estrada do Colégio n°940, no bairro de Irajá, completa cinquenta anos de fundação. O cinquentenário foi o mote para um projeto interdisciplinar de resgate da memória e da história local, envolvendo História (prof. Fábio Carvalho), Artes Visuais (prof. Mauro Macedo), Música (prof. Marcus Heber) e sala de leitura (prof. Vitório), sob a coordenação da professora Elizete Alves.
A ESCOLA CONVIDA A TOD@S PARA UMA EXPOSIÇÃO, que foi inaugurada no sábado (dia 05/11), com a presença do professor-Doutor Justino (UniRio) e da Professora Celeste (membro do Instituto Histórico e Geográfico da Baixada de Irajá-IHGBI), pais e alunos.
A exposição, intitulada "IRAJÁ 400 ANOS NOS 50 ANOS DA MENDES VIANA" traz fotos históricas de Irajá e documentos referentes à memória da unidade de ensino, como: fotos, diários oficiais e o primeiro livro tombo da sala de leitura.
HORÁRIOS DE VISITAÇÃO: 07/11 a 11/11: manhã (10h50 ao meio-dia) tarde (13h30 às 14h30). Venham participar dessa comemoração com nossa comunidade escolar!"
Parabéns ao trabalho de excelência e comprometimento de todos os profissionais que compõem essa unidade escolar. Comemorar cinquenta anos de existência de uma escola onde se promove e valoriza a qualidade do ensino é uma ação de grande relevância para nossa rede de ensino!
Publicado originalmente por: http://www.rioeduca.net/blogViews.php?bid=14&id=5742 (acesso em 20/12/2016)

ENTREVISTA: d. Lucy Lucca, uma das primeiras professoras da Mendes Viana

Cartinha da d. Lucy
Foto: prof. Fábio Carvalho


Em 2017 conseguimos o contato de uma antiga professora da Mendes, d. Lucy Lucca. Ela atuou em nossa unidade escolar em meados dos anos 1960. Os alunos do Clube de História, participantes da oficina de “Patrimônio Cultural” do projeto MAIS EDUCAÇÃO - Sara, Leticia, Maysa, Thamires, Maria Eduarda, Thiago, Cauã, Natalya e Ana Vitória, alunos da turma 1701- montaram uma pequena entrevista com oito perguntas e a enviaram por e-mail, pois ela mora na Bahia atualmente. A professora nos respondeu de uma maneira pouco usual hoje em dia: POR CARTA. O professor Fábio recebeu em sua casa um SEDEX, em 05/11/2017, com a entrevista respondida com a bela caligrafia desta simpática senhora que tantas histórias e fotos nos enviou.

Clube de História: Em que época trabalhou na Mendes Viana?
Lucy Lucca: Lecionei na escola Francisco Mendes Viana nos anos 1967 e 1968 do século passado.
CH: Como era o comportamento dos antigos alunos?
LL: Tranquilos, prestavam atenção à aula, amavam as professoras. Era comum a professora terminar a aula com bilhetinhos com mensagens carinhosas.
CH: Se o aluno se comportava mal era punido? Qual a punição?
LL: O aluno que perturbava os colegas, se recusava a fazer o dever escolar, era ríspido com a professora, ia para a secretaria fazer o dever escolar. As mães dos reincidentes eram chamadas para conversar com a diretora.
CH: Como eram os materiais didáticos?
LL: Geralmente dois cadernos, um para a aula, um para casa, o livro didático adotado, encapados e etiquetados, lápis, apontador, borracha. Havia professoras que não permitiam o uso de borracha e mantinham em suas mesas um estoque de lápis, no caso de um aluno precisar.  Os estojos escolares eram de madeira, não havia mochilas e sim pastas de couro ou sacolas de tecido.
Algumas colegas da professora Lucy
Foto: Acervo pessoal da prof. Lucy Lucca


CH: Com quais turmas a senhora trabalhava?
LL: Segundas e terceiras séries do ensino fundamental.
CH: A escola tinha muitas festas antigamente? Quais?
LL: Havia a festividade do Dia das Mães. Estas eram convidadas e assistiam à apresentação de algumas turmas, ensaiadas por suas professoras, tema referente à festividade específica. Todo fim de mês, comemoravam-se as datas cívicas daquele mês.
Havia a festa junina, o carro chefe, com a presença dos familiares, em que cada turma dançava sua quadrilha.
No encerramento do ano letivo de 1968, encenou-se “Pluft, o fantasminha”, assistido pelas famílias dos alunos, convidados. Armou-se um palco na escada do pátio interno da escola, onde era o refeitório. As atrizes, cenógrafas e figurinistas eram as professoras.
CH: Qual a lembrança mais viva que você tem de sua época na Mendes?
LL: Tenho ótimas lembranças, saudosas, da união, amizade, companheirismo. A lembrança mais viva que ficou foi a morte de um aluno.
CH: Gostaria de deixar alguma mensagem para a comunidade escolar da Mendes de hoje?
LL: Que vocês continuem irmanados e perseverantes nesta linda e resgatadora caminhada.

sábado, 21 de abril de 2018

Francisco Furtado Mendes Viana, o nosso patrono





Mulheres e homens emprestaram seus nomes às unidades escolares da cidade do Rio de Janeiro. Alguns são bastante conhecidos do público em geral e outros, nem tanto. Aliás, infelizmente, a história de algumas destas pessoas se perde até dentro da comunidade escolar que a homenageou em outros tempos, sendo esquecida.
Em nossa unidade escolar aconteceu isso. Durante um determinado período perdemos a noção de quem era o nosso patrono, Mendes Viana. Inclusive, perdemos a referência de seu retrato que estava preso a uma parede sem qualquer tipo de indicação tratando-se, para nós, de um ilustre desconhecido. As comemorações de nosso cinquentenário, em 2016, trouxeram de volta os caminhos daquele que foi um importante educador no início do século passado. Digno, inclusive, de ser homenageado mais de uma vez com seu nome em uma unidade escolar.
Francisco Furtado Mendes Vianna foi um professor que se destacou nas primeiras décadas do século XX. Nascido em 1876 e falecido em 1935. Formou-se pela Escola Normal de São Paulo em 1895 e exerceu diversos cargos ligados à educação. Foi professor de História Natural e atuou como diretor em determinado período da famosa escola de Campinas, “Culto À Ciência”. Entre 1919 e 1935 foi Superintendente Geral de Educação Elementar no Rio de Janeiro, então capital federal.
Se destacou também na produção de livros didáticos. Sua obra máxima foi a série “Leituras Infantis”, que teve grande circulação entre 1912 e 1960 em diversos estados como: S. Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Espírito Santo, Paraná, Pará, Amazonas, Ceará, Minas Gerais, Santa Cataria e Rio Grande do Sul.
Foi sepultado no Cemitério de São João Batista, em Botafogo, Rio de Janeiro, no dia 04 de abril do ano de 1935. Seus filhos mantiveram seu legado durante muitos anos após sua morte.

Texto: Prof. Fábio de J. de Carvalho – docente de história da unidade escolar e coordenador do projeto Clube de História



Fontes :

Jornal do Brasil - 05/04/1935

ORIANI, Angélica Pall . A atuação profissional e a produção escrita de Francisco Vianna (1876-1935) na história do ensino da leitura. In: http://books.scielo.org/id/3nj6y/pdf/mortatti-9788568334362-08.pdf - acesso em 01/06/2017)


Por que gostar de História?



Gostar de História é bom. Você tem a oportunidade de aprender coisas de muito tempo atrás como: a Segunda Guerra Mundial, sobre os iluministas etc. Temos a oportunidade de observar quanta coisa mudou de lá pra cá e por que mudou.
Por mais que você não goste de História alguma parte dessa matéria vai interessar a você, acredite! Muitos, quando ouvem a palavra “História”, já pensam: “Ah, que matéria chata!” - mas há tanto para gostar...
Primeiro que você pode saber a história de seus antepassados. Talvez, até achar sua árvore genealógica, por que não? Você tem a oportunidade de passar em algum lugar e saber, pela matéria de História, que alguém importante passou por lá ou morava lá.
História não é só o passado! Mostra também como podemos agir no presente!

Texto: Maria Eduarda Alves – aluna da turma 1802 (8° ano) e participante do Clube de História desde 2017.